Pontos de ônibus de Salvador estão sujos e abandonados

[REPRODUÇÃO DE NOTÍCIA]

Fonte: A TARDE

Luciano da Matta / Agência A TARDE

Abrigos de metal não protegem do sol ou da chuva, dizem usuários

Abrigos de metal não protegem do sol ou da chuva, dizem usuários

Estrutura danificada, ineficácia e sujeira são alguns dos problemas enfrentados por cerca de 1,5 milhão de usuários do transporte público em Salvador, que esperam coletivos nos 3.089 pontos de ônibus da cidade, sendo 689 com abrigos. Os danos atingem os equipamentos de arquitetura moderna e os mais antigos, sejam de concreto ou metal.

Em um banco de metal enferrujado e escorado em um pedaço de concreto, a cozinheira Rosália Maia, 52 anos, esperava o ônibus na Avenida São Cristóvão. “Na cidade toda é assim. Esperamos muito em lugares ruins, às vezes até sem banco”. A situação é a mesma no final de linha de Santa Mônica.

Perto dali, no final de linha do Abaeté, as ferragens estão expostas. Isso quando não acontece de apenas um poste e a placa sinalizarem tratar-se de um ponto. Em dia de sol, a fila de usuários acompanha a sombra no chão. “Pior é quando chove, pois nada protege”, disse o estudante Saulo Sampaio, 32. O mesmo acontece em Vila Canária, onde os moradores se abrigam sob as marquises de lojas. “Moro aqui há 27 anos e nada muda”, desabafa a professora Suzana Mesquita, 37.

Mais encontrados em bairros populares, equipamentos danificados, com limo e inadequados ao uso, ou as estruturas feitas pela própria população, também fazem parte do cenário em locais como Barra e Rio Vermelho. “Muda o modelo, mas o abandono é visto em qualquer bairro. Os de ferro não têm proteção no fundo e lateral, e os de concreto dão medo por que pode cair um pedaço”, disse a estudante Clécia dos Santos, 25.

Os abrigos de ônibus mais modernos, em sua maioria com estruturas de vidro e metal,  pecam pela falta de funcionalidade. O modelo foi importado da Europa, mas não veio acompanhado do sistema público de transporte. No Retiro, a mesma estrutura está enferrujada e não tem vidros. “Prefiro pegar dois ônibus a ficar nos pontos. Não protege do sol nem da chuva e vivem sujos”, diz a cabeleireira Nilda Lopes, 39.

Na avaliação de Denise Ribeiro, engenheira civil e professora do Departamento de Transporte da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a prefeitura parou de tomar medidas e ações necessárias. “A prefeitura já deveria ter feito uma revisão desses equipamentos, mas parou de olhar para eles como elementos necessários”, disse a especialista, alertando também para a falta de acessibilidade.

Descuido – Ausência de rampa, altura dos passeios e falta de local para sentar são problemas diários para idosos e pessoas com alguma deficiência.

“Ninguém se preocupa mais com velho e deficiente. A gente fica pedindo ajuda para quem passa. Sem contar que nem colocam a lista dos ônibus nos pontos”, desabafou o aposentado Jonas Sacramento, 73, enquanto esperava condução em um abrigo sem banco em plena orla.

Na falta de informações das linhas que passam nos locais de parada, as bancas de revistas ou de ambulantes, balcões de restaurantes ou bares funcionam como pontos de informações. Turistas ou moradores, na dúvida, recorrem às fontes sempre seguras.

Na Avenida São Cristóvão, o chaveiro Adailton Conceição dos Santos, 30, sabe até o horário que o veículo passa. “Quando atrasa, eu erro, mas já sei até quem são os motoristas. Aí fica mais difícil não acertar. É o dia inteiro de pergunta e eu sempre respondo. Falo até de ponto em outros bairros”, contou Adailton, convicto do papel social que desempenha.

Do outro lado da rua, na mesma via, a professora Helena Almeida, 51, já havia percorrido quase toda a extensão do ponto driblando as estruturas montadas pelos ambulantes. “Eles (os ambulantes) tomam o passeio ou esbarram com os carrinhos e outras coisas. Eles têm que trabalhar, mas a gente fica sem espaço para esperar o ônibus. A cidade está abandonada”.

Claiton

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Técnico em informática e admirador de ônibus. Pesquisador de chassis, motores, carrocerias e veículos comercias de uma maneira geral.

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Técnico em informática e admirador de ônibus. Pesquisador de chassis, motores, carrocerias e veículos comercias de uma maneira geral.

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