A Guerra dos Modais: “Soluções” do Transporte Urbano
CRÉDITOS: (Imagens – Terra Brasílis; Perdido em Salvador (capa) e The City Fix Brasil)
E ai, beleza?
Mais uma conversa bem produtiva com meu amigo Claiton Reis, me deu a idéia deste post.
Para quem está acostumado a ler/ver notícias por ai sobre o assunto Transporte, certos termos como “Mobilidade Urbana”, “BRT”, “VLT”, “Projetos para Copa 2014”, se tornaram comuns e até excessivos.
– A GUERRINHA VIRTUAL
Existe um número infinito de blogs/sites/comunidades por ai, em defesa de um determinado tipo de Transporte e acusando os outros. Uma guerrinha virtual interna que consiste em exaltar as qualidades de um sistema e apontar todos os defeitos de outro. Acontece com todos eles. VLT, Metrô, BRT, Monotrilho e por ai vai.
Até entre as pessoas que não são muito ligadas em Transporte, também aparece o comentário em formato parecido: Defendendo um sistema como solução, e reclamando do atual. E com razão.
Meu objetivo aqui não é apontar qual é o melhor ou pior nem entrar nos deméritos dessa discussão mega ampla.
Como mencionei antes, cansei de participar de n debates nos Orkut’s da vida (sim, acredite, no Orkut) e em demais fóruns, e vejo sempre vários comentários com ponto de vista semelhantes. Pelo menos no que diz respeito a Salvador:
“Rapaz, o que resolve esse problema de transporte em Salvador ai é um Metrô”. (Ai você pega o “Metrô” no final, e substitui pra QUALQUER OUTRO modal citado.)
“Rapaz, o que resolve esse problema de transporte em Salvador é um VLT”
E depois disso, normalmente há uma discussão de como é falho os “rivais” sistemas e os benefícios do sistema defendido é exaltado.
Não tenho NADA CONTRA esse tipo de discussão ou debate. Mas o resultado na prática é o mesmo: Guerra entre Modal x e y; Acusações graves entre os participantes; acusações sobre o atual sistema e por ai vai.
– UMA OUTRA FORMA DE OBSERVAR O PROBLEMA:
Quero levantar um outro ponto de vista mais amplo e talvez genérico sobre esse assunto:
“BRT”, “VLT”, “Metrô” e “Monotrilho”, DO MEU PONTO DE VISTA, não são soluções de problema nenhum. Eles são FERRAMENTAS.
São Tecnologias que estão disponíveis às Prefeituras de cada cidade. Cada um tem suas vantagens e desvantagens. Todo sistema vai ter defeitos, todo sistema vai ter benefícios. Tô generalizando pra chegar num ponto comum: O problema pra mim, está na FORMA COMO ESSAS TECNOLOGIAS SÃO APLICADAS E O INTERESSE DE QUEM ESTÁ ADMINISTRANDO ELAS.
Se BRT, VLT, Metrô são FERRAMENTAS, o SISTEMA DE TRANSPORTE é o responsável por manter essas ferramentas funcionando interligadas entre si.
Existe a grande confusão entre o que é UMA FERRAMENTA com um SISTEMA DE TRANSPORTE. Um Metrô, não é um SISTEMA de TRANSPORTES. Ele FAZ PARTE dele.
Portanto, não adiantaria APENAS a implantação de UM DETERMINADO MODAL, se TODA A CIDADE não estivesse fazendo parte de uma BOA REDE de Transportes integrada. Seja ela feita com Metrô ou BRT ou ônibus ou Trem ou balsa ou qualquer coisa que o valha.
Isso é o X da questão. A discussão deveria estar focada em COMO um determinado Modal VAI ser administrado, como ele vai funcionar, que custo o usuário final vai ter, se APENAS o modal vai ser instalado OU SE A REDE DE TRANSPORTES DA CIDADE INTEIRA vai ser modificado e INTEGRADO.
Um precioso tempo é perdido, pelo menos vendo daqui em Salvador, em acusar o Sistema Atual, mas NENHUMA conversa é realizada em COMO é possível mudar essa realidade.
NÃO IMPORTA se o Metrô daqui “vai ficar pronto” até 2014. Se alguém me afirmar que TODO O USO ATUAL do Transporte Urbano VAI SER MODIFICADO, ai sim, estaria ansiosamente esperando este momento. Mas APENAS ADICIONAR uma ou 2 linhas de Metrô, pode parecer absurdo, mas NA PRÁTICA, pra mim, é só mais uma troca de remédios. “Resolve” ? Em partes sim. “Melhor do que a realidade atual com certeza”. Mas continua sendo um Paleativo.
– O PROBLEMA DOS PALEATIVOS
Fazendo uma comparação exdrúxula pra explicar o raciocínio:
-> Imagine que alguém tem uma pequena dor de cabeça. A Reação normal, quase imediata é esperar pra ver se passa. Como ela piora, a pessoa toma uma Aspirina. NAQUELE MOMENTO, a dor passa. O problema desaparece. Só que ai, 5 dias depois a dor volta um pouco mais forte. A pessoa toma o remédio novamente e a dor passa. Cada vez que ela sente uma dor de cabeça, bastava tomar um remédio que ela passava. Isso é usar um paleativo pra resolver o problema de forma imediata, sem se preocupar com o que está causando essa dor de cabeça.
Mas o que acontece com nosso organismo? Ele se adapta. O corpo acaba “se acostumando” com uma Aspirina e com o tempo ela não faz mais efeito. O que a pessoa faz? Toma a opinião de alguém próximo que fala assim: “AH fulano, Aspirina é fraco. Toma esse outro remédio aqui que passa“.
E ai? A pessoa TOMA esse outro remédio e o ciclo se repete.
Você deve estar boiando agora. Mas o que tem a ver ?
Viu que o remédio/paleativo não foi a solução do problema? Não seria MUITO MAIS PROVÁVEL que a solução fosse CONSULTAR UM MÉDICO PRA INVESTIGAR O MOTIVO DESSA DOR DE CABEÇA? Entende isso?
É exatamente essa analogia que eu faço em relação ao pensamento e discussões HOJE sobre Transporte. Pessoas defendem PALEATIVOS. Defendem REMÉDIOS. Defendem um Metrô, um VLT, um Monotrilho, um BRT. Mas É MUITO RARO alguém perceber que todos esses remédios só fazem efeito se QUEM ESTIVER ADMINISTRANDO SOUBER O QUE ESTÁ FAZENDO E SE PREOCUPAR NUM SISTEMA COMO UM TODO e não apenas num PROBLEMA isolado.
Salvador sofre desse mal há várias decadas de gestões fazendo Paleativos aqui e ali pra resolver o pepino.
A chave pra mim tá no Sistema. Se o Sistema de Transporte COLETIVO HOJE já estivesse PLENAMENTE INTEGRADO ATRAVÉS DE MAIS TERMINAIS, o “problema” não estaria resolvido, mas a cidade estaria ORGANIZADA o SUFICIENTE para usar uma NOVA FERRAMENTA que PODE SER um Metrô, um VLT, um BRT ou qualquer coisa que a REALIDADE DA CIDADE PERMITA no momento.
Não adianta eu sonhar com uma Ferramenta que tem muitos benefícios, mas que também tem muito custo, assim como também não adianta investir no que é barato e não tem benefício nenhum. A VISÃO E O INTERESSE DE QUEM ESTÁ A FRENTE DE TUDO ISSO é o que interessa.
Não adianta termos A MELHOR FERRAMENTA, se não tivermos CONDIÇÕES DE MANTER ELA FUNCIONANDO. Como não adianta comprar um carro de corrida e viver onde não é possível correr.
Então, com todo o respeito, mesmo que o Metrô esteja funcionando daqui há 2, 3 anos. HOJE eu não tô vendo nenhum Terminal de ônibus INTEGRADO em Cajazeiras, em Paripe, na Calçada e o povo continua tendo um custo MUITO ALTO POR viagem realizada. Eu não consigo enxergar um sistema ASSIM que receba um METRÔ e ai dizer que “vai ficar tudo melhor”. Porquê isso apenas não basta.
Idem pra qualquer outra coisa. Se fosse BRT, o pensamento é o mesmo. VLT? o mesmo, Monotrilho? Mesma coisa.
Claro que cada Ferramenta pode ser analisada como bem entender. Mas um produto só funciona bem na mão de quem sabe usar.
Não adianta transferir toda a esperança pra um determinado sistema, pois QUANDO ele falhar, toda essa realidade atual volta de uma forma camuflada.
Enfim, era esse o ponto que queria levantar em relação à esse assunto. E você? Concorda? Discorda?
Poste ai seu comentário e até a próxima!
CRÉDITOS: (Imagens – Terra Brasílis e The City Fix Brasil)
Caro EDUARDO li sua opiniao e achei 10. o problema de salvador em relaçao a transporte e uma junçao de varios problemas vias apertadas demais, má distribuiçao de linhas, um sistema de trens deficiente,um metro calça-curta (que nem começou a funcionar e que vai ligar o nada a lugar nenhum ),empresarios enchendo as burras de dinheiro, politicagem discutindo o sexo doa anjos e uma prefeitura apatica enfim juntando tudo isso se tornou este stresse total que e a imobilidade urbana que se tornou SALVADOR para mim o que esta faltando e bom senso de todos eles a copa 2014 vem ai e pouquissima coisa vem saindo do papel
Caro Eduardo,
Todos percebemos, o que aconteceu com o processo licitatório do projeto de VLT em Cuiabá. As empresas gigantes, brasileiras e estrangeiras, não conseguiram planejar as suas futuras ações para alinhar-se às diretrizes expressas no Edital. E nunca conseguirão. São grandes demais, paralisadas pelas estruturas internas rígidas e fora da época. Além disso, uma parte dos proponentes estrangeiros vem fugindo do ambiente arrasador da crise econômica na Europa e, como não conseguem faturar em casa, precisam, a todo custo, vender seu peixe no Brasil, neste momento de seu desenvolvimento brilhante e rápido. Foi por isso, que a proposta financeira mais vantajosa ultrapassou o orçamento previsto em 25%. Quem vais pagar esta conta? Naturalmente, o contribuinte brasileiro. Será que não há outra saída, será que os certames futuros ficam desde já condenados a mesma sina? Não necessariamente. Qual é a solução? É preciso divulgar de maneira mais ampla, no mundo inteiro, e com bastante tempo de antecedência, os projetos futuros para dar uma oportunidade a empresas estrangeiras sadias, modernas, menos rígidas internamente e mais flexíveis para com o cliente. Conheço uma na Europa Central, que produz os VLTs e os trens de alta qualidade, fornece material rodante para todo o mercado europeu e fatura bastante, o que permite a aquisição de novas tecnologias de ponta e, por sua vez, traduz-se em padrões de qualidade mais elevados ainda.
É preciso abrir os olhos e estender o convite a empresas sérias que, até então, não operam no Brasil. Tudo isso, para o próprio bem dos Brasileiros. Nossa gente merece isso.
O modal para Salvador ja ficou definido? Em que ponto esta o processo de encaminhamento do projeto todo?
Um abraco
Jacek
Quando a Transur existia, não havia tanta tecnologia, mas os onibus eram os melhores. Se Salvador tivesse pulso no governo colocariaum sistema de onibus mais moderno, não só no sistema de escoamento, como no sistema de embarque, onde hoje só há um cobrador.
Imaginem um bi articulado liberando milhares de pessoas rapidamente. O problema é o embarque, onde um só cobrador acompanha o acesso ao veículo. É econômico, mas demorado demais.
O correto é que o acesso a esses ônibus se dê nas estações de transbordo com a passagem já paga. Ou o biarticulado trabalhar com vagões que possuam cobradores independentes.
Sei que a licitação está aberta no site do SETIN.
Solicite o CD do Edital no órgão competente, conforme projeto básico.